tag:blogger.com,1999:blog-85515376222633072392024-02-20T04:10:59.359-03:00Pensamentos, fatos e argumentosQueridos Amigos:
sou essencialmente um autor de ficção. Este blog, no entanto, destina-se a partilhar com vocês um pouco dos meus pensamentos e reflexões sobre diversos assuntos.
Um grande abraço, e boa leitura!Thiago Vilardhttp://www.blogger.com/profile/02832620959047868658noreply@blogger.comBlogger13125tag:blogger.com,1999:blog-8551537622263307239.post-9774324634335969942014-11-18T01:15:00.001-02:002014-11-19T16:06:44.554-02:00O destino é soberano<br />
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">Estava há pouco fazendo a minha barba. Amanhã embarco logo cedo para
Belo Horizonte (ou será hoje?) Enfim, voltarei à noite. Enquanto eu deslizava em meu
rosto a máquina de aparar pelos, ao som da JB FM (claro!!), imediatamente
comecei a lembrar d’outros tempos. De fatos e situações pelas quais já passei ao
longo desses 32 anos vividos. Lembrei de tanta coisa: de sonhos, de pesadelos,
de anseios, de pessoas que chegaram, de pessoas que se foram... A minha
conclusão foi de que nem sempre o momento atual é aquele que esperávamos viver.
Parece meio óbvio, né? E é!<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">A graça da vida consiste justamente em atirarmo-nos de cabeça no oceano
misterioso do porvir. Encontrei muitas alegrias no meu momento atual. Ri
sozinho de um cotidiano que, de tão simples, outrora me parecia impossível. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">Mas nem tudo “são flores”. Encarei dificuldades e percebi que cresci
mais do que imaginava. Embora eu conserve ainda aquele lado menino, que corre
para os braços da mãe vez ou outra, sempre passo por um instante de
decisão, de Daniel na cova dos leões. Ou uma espécie de arena, onde sou
gladiador de mim mesmo.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">Tomo banho, visto meu pijama de cetim ao tempo em que Lulu Santos canta
na rádio “Como Uma Onda no Mar”. E não é que a música parece <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>trilha sonora dos meus pensamentos? É
exatamente assim que funciona a vida: como onda no mar.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">Deixar-se levar é uma virtude. Mas por que diabos a gente tenta de
qualquer maneira alterar ou controlar o curso do destino? Que raio de medo é
esse que temos incutido dentro de nós, que de certa forma nos deixa em alerta
constante? Mas alerta em função de quê, meu Deus? Qual o motivo de tanto medo
em deixarmos a ordem natural das coisas seguirem o seu rumo? Será medo de
sofrer? De nos decepcionarmos? Ou simplesmente medo de sermos contrariados em
nossa vontade tão qual o medo de uma criança pirracenta? <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">Olho para o meu polegar e vejo que sangra a minha cutícula. Maldito
vício de roer as unhas, e essa é uma forma inconsciente de dizer que se tem
medo, ou no mínimo um receio bobo. É sinal de que algo não está bem ou que está
ligeiramente nos perturbando. O pior é que por mais que o ferimento cause
dor, uma hora eu o esqueço e lá estarei roendo as unhas novamente. Ressurge também o outro vício: o de tentar controlar os acontecimentos
conforme a nossa vontade? Percebemos o quão isso é impossível e quebramos a
cara muitas vezes, porém não demora para que voltemos a fazer tudo de novo. É a
unha e a cutícula que crescem. É o destino comandando. É a unha na boca, sendo
cortada, dilacerada. É a nossa infinita e libidinosa mania de tentar moldar as
circunstâncias de acordo com a nossa vontade.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">Notei que hoje estou menos didático nas minhas divagações tolas. Será
que mudei muito desde o meu último texto?<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">Talvez seja o próprio destino me acenando gentilmente que ele continua por aqui. Ele quer me provar que algo soberano paira sobre nós. Uma
vontade maior. Vai ver que é desse modo que dizem que “o universo conspira a
nosso favor.”<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">Considerando que o fim da vida é a morte, logo não é difícil entender
que coisas se modificam durante o tempo todo da nossa vil existência. E isso
não depende de aceitação. Simplesmente modificam e ponto.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">Bem, já passa da meia noite. Tenho que dormir e não posso me dar ao
luxo de ficar aqui escrevendo minhas bobagens. Às quatro preciso já estar de
pé. Daqui para o Santos Dumont é uma longa caminhada.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">Neste exato minuto está tocando na rádio “Chão de Giz.” Amo essa música. Principalmente a versão original com o inoxidável Zé
Ramalho. Sou fã!<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">Antes de eu tomar o meu remedinho da noite e desmaiar de vez na cama,
registro aqui uma espécie de oração que deveríamos fazer todos os dias: “Que
amanhã, Senhor, seja melhor do que hoje. Que o meu destino traga o melhor para
mim e para todos os que amo. Aos que me odeiam, flores e perdão. Aos que me
amam, flores e lugar cativo no meu lado esquerdo do peito. Que o medo se torne um
hábito do passado e que a renovação me venha leve e agradável como um sopro de
brisa. Amém.”</span><br />
</div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">E até breve.</span></div>
Thiago Vilardhttp://www.blogger.com/profile/02832620959047868658noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8551537622263307239.post-33033320234251729292014-05-13T18:19:00.000-03:002014-05-13T18:19:11.518-03:00O poder da felicidade<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
Será que alguém já parou para refletir sobre o poder da tão desejada felicidade?
Às vezes passamos tanto tempo a buscá-la, que sequer pensamos a respeito de
como na prática esse sentimento poderia influenciar a nossa vida e, por
consequência, as nossas atitudes.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
É óbvio que essa busca incansável reflete na verdade um estado de
espírito. Há quem diga que não existe <i>ser</i>
feliz, mas sim <i>estar</i> feliz. Outros
afirmam que a felicidade é o caminho, e não o destino da caminhada. Alguns
argumentam ainda que a felicidade consiste em fragmentos de situações vividas;
sendo assim, não é um estado permanente, alterna-se com momentos de tristeza e
frustrações.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
Uma opinião que sempre trago comigo é que <i>o feliz</i>, de momento ou não, jamais especula maliciosamente sobre a
vida do outro. Não maldiz o seu próximo e nem pragueja ou investe contra ele movido
por inveja ou qualquer outro sentimento negativo. Porque a felicidade tem
vários poderes, entre os quais o de preencher o interior de uma pessoa; de provocar
um bem-estar tão grande que não resta espaço para sentimentos negativos. Ao
contrário, quanto mais se é feliz, mais se quer que o outro também seja feliz e
experimente aquela sensação boa e plena.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
Segundo um estudo realizado pelo cineasta europeu Collin Camino, em
2009, cujo título é <i>Reverse Diabetes</i>,
ou em uma tradução livre para o português
“Diabetes Reverso”, aponta a felicidade como principal elemento de cura
para a doença. Inclusive o estudo levou Camino a criar o instituto “Espírito
Feliz” na internet, e seus escritos são seguidos fielmente em 9 países, estando
na Inglaterra e nos Estados Unidos o seu maior número de seguidores. Camino é
escritor e cineasta por formação, mas dedica boa parte do seu tempo a pesquisar
de forma independente os efeitos da felicidade na saúde das pessoas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
De início, o site procurava mostrar a cura para a depressão. Passado
algum tempo, depois de muitas pesquisas realizadas pelo cineasta, chegou-se à
conclusão de que um estado de espírito feliz tinha o poder de reverter o
diabetes também, sem que os pacientes precisassem necessariamente seguir uma
dieta rigorosa, abstendo-se de todo tipo de açúcares. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
Ora, levando em conta o estudo de Camino e mais o comportamento de
algumas pessoas que se dizem felizes, não seria leviano afirmar que só nesse
viés temos dois benefícios incríveis que só a felicidade é capaz de proporcionar:
o desapego de uma forma maldosa de enxergar a vida alheia e também a cura de
doenças.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
O problema é quando condicionamos a nossa felicidade à conquista de
determinados bens materiais e assim julgamos que não poderemos ser felizes sem
eles. Ou ainda, quando depositados em alguém a razão da nossa felicidade — e
este talvez deva ser o maior erro de todos, visto que se o outro nos
decepciona, nós nos tornamos fonte de amarguras, frustrações e tristezas que
nos arrastam para o fundo do poço. Ficamos dependentes do outro para que
sejamos felizes. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
O que é indispensável que tenhamos em mente é que somos os únicos
responsáveis pela nossa própria felicidade, o outro apenas soma, contribui, mas
não é capaz de trazer aquilo que não existe em nós originalmente. Como dizia o
Marquês de Maricá: <span style="line-height: 150%;">“<i><span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial;">Os homens nos parecerão sempre injustos
enquanto o forem as pretensões do nosso amor-próprio.”</span></i><span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial;"> <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><i><span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial;"><br /></span></i></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%;">Depositar
no outro todas as nossas expectativas de amor e felicidade quase sempre nos traz
graves decepções. A escritora gaúcha Clarisse Corrêa alerta: <i>“Mais amor próprio. Porque antes de amar
qualquer coisa ou pessoa você tem que amar você mesmo primeiro.”<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%;"><i><br /></i></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%;">Felicidade
boa é aquela que nos tira do prumo, da zona de conforto. É aquele tipo que
temos até medo de perder, seja até por um vento que soprar na hora errada. É
aquela que provoca frio na barriga. Sentimento de eternidade. De gratidão a
Deus, à vida e às pessoas queridas que estão ao nosso redor, zelando por nós.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%;">A
proposta é: ser feliz e deixar que os outros também o sejam, cada um à sua
maneira. Porque cada ser humano é único em sua essência, e somente o próprio
indivíduo sabe o que é melhor para si. Não aceitar ou combater a felicidade do
outro é negar a si mesmo o direito de cuidar da própria vida e de também tentar
ser feliz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%;">Como
diz a canção do Marcelo Jeneci: “Felicidade é só questão de ser.”<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; line-height: 150%;">Ponto.<o:p></o:p></span></div>
Thiago Vilardhttp://www.blogger.com/profile/02832620959047868658noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8551537622263307239.post-83010811488705746902014-01-13T14:11:00.000-02:002014-01-13T14:11:13.516-02:00O direito do outro<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
Será que é tão difícil para nós — enquanto seres viventes
e habitantes de
um mesmo planeta — aceitarmos a existência de nossos irmãos?
Irmãos porque somos colaterais uns dos outros da mesma espécie. Fisicamente as
diferenças entre nós são mínimas diante das semelhanças. Mas se todos são
realmente parecidos entre si, por que tanta discordância e desarmonia em um
mesmo habitat? Se nos aprofundarmos nessa reflexão, vamos descobrir que essas
discordâncias aparecem quando entramos na área em que justamente as diferenças
são mais latentes do que as semelhanças: a área do gosto pessoal de cada
indivíduo. É aí que a coisa complica!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
Uma das definições da palavra “gosto”, segundo o dicionário Aurélio é:
“faculdade de julgar os valores estéticos segundo critérios subjetivos, sem
levar em conta normas preestabelecidas.” <o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
Se não há norma preestabelecida, isto quer dizer que é livre a formação
dessa preferência. E esta não sofre qualquer influência direta de fatores
externos quanto à sua formação original. O que vai determinar se um gosto é bom
ou ruim, é a experimentação posterior. Quando ele nasce, porém, o que temos é
uma inclinação, uma tendência a perceber aquilo que nos agrada. Daí não existe
interferência nem mesmo de nós e tampouco dos outros. Tentar mudar o gosto de
alguém é tentar mudar a natureza, a concepção mais genuína de uma pessoa. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
Há quem diga que é possível mudar sim uma preferência individual, no
entanto o que você pode é contê-la, represá-la, aprisioná-la ou simplesmente
não dar vazão a ela. Mudar, nunca. O que nasce de você e sequer está no seu DNA
(porque DNA é ciência, tem como ser ‘lido’) não tem como sofrer nenhum tipo de
manipulação ou doutrina externa. Como, por exemplo, pegar algo com as mãos se
este algo é invisível? Não tem como. O único controle que pode existir é o da
“não vazão”. É ignorar as próprias inclinações ou brigar o tempo todo com ela,
tentando dominá-la a qualquer custo. Isto, sem dúvida, é fonte de grande
sofrimento por parte daqueles que tomam esta decisão. É uma guerra constante
com o próprio <i>eu</i>, e esse <i>eu</i>, por ser invisível e imutável,
certamente será mais forte. Não tem como amputá-lo, tal qual se faria com um
membro físico que perdeu a sua função vital.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
O problema é que ainda que tenhamos essa consciência, sempre vai
existir um outro, ou seja, um irmão de espécie que vai discordar da sua
natureza. E vai combatê-la. Esse é o motivo de tantos confrontos, de tanta
intolerância e até de guerras mundiais. A não aceitação do outro faz com que o
mundo em que vivemos fique em total desequilíbrio, porque damos continuidade a
uma batalha irracional e inútil de dominação. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
Imaginar que um planeta habitado por bilhões de mentes e gostos
díspares uns dos outros e que, em algum momento, essas mentes partirão para o
conflito a fim de cada um tentar estabelecer o seu gosto pessoal, é assustador.
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
Não é apenas teoria que o mundo seria mais pacífico se todos aceitassem
as preferências alheias. É uma questão de lógica. Mas por que não há essa
aceitação? Simples. Porque colocamos interesses particulares — e muitas vezes
não ligados ao bem estar geral — acima do respeito que deveríamos ter com o
nosso irmão. Entender que o nosso direito termina quando começa o do outro
deveria ser natural. Mas infelizmente não é. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
Fala-se muito em modernidade, em avanço da ciência, da tecnologia, das
comunicações, da medicina, entretanto pouco se fala em avanço da moral, da
ética e do respeito. Quando alguém cria uma lei para que determinados direitos
básicos sejam respeitados, não há qualquer razão para se comemorar. Ao
contrário, vejo com tristeza isso. Triste do povo que precisa de leis que o
obrigue a respeitar o direito do outro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
Teremos de fato um avanço útil e notável quando não precisarmos de leis
que assegurem os nossos direitos individuais e coletivos mais básicos. Não
adianta a sociedade avançar em outros aspectos se não avança no primordial: a
boa convivência entre os seus colaterais. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
Chego a acreditar que tanto progresso em outros seguimentos satisfaz
uma condição imediatista do ser humano, capaz de jogá-lo num conformismo
arraigado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
Do que me adianta uma telefonia de longo alcance se eu não tiver com
quem falar? Ou do que me adianta uma rede social se for para apregoar o ódio e
por isso todos se voltarem contra mim? Do que me adianta prolongar a vida de um
paciente, se este não tiver vontade de voltar para a sua parentela?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
O desrespeito está na religião, na etnia, na sexualidade, na cultura,
na educação [ou na falta dela], na raça e na cor. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 10pt;">E o
respeito: onde está?</span>Thiago Vilardhttp://www.blogger.com/profile/02832620959047868658noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8551537622263307239.post-21418651148875668242013-12-01T21:26:00.001-02:002014-04-11T13:41:52.210-03:00Viva Machado!<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
Há bem pouco tempo, reli um trecho do livro <i>Dom Casmurro</i>, do grande
Imortal Machado de Assis. Algumas coisas releio com a finalidade própria de
meditação. Nada pretensioso. Nada filosófico. Mas ainda assim: meditação.
Pensar me desafia, me aguça perguntas e me força a tentar respondê-las pelo
menos com uma tímida explicação que satisfaça a minha mente inquieta.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
Na releitura do trecho do clássico de Machado, me veio ao juízo a ideia
de que os escritores dos tempos atuais pertencem a outro nicho, trazido pela
modernidade e pela incansável busca pela fama, pelo reconhecimento do <i>“eu
escrevi isso, e isso foi legal, todos gostaram, sou então um escritor
respeitado”</i>, etc. </div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
Machado de Assis e tantos outros de sua época cultivavam a discrição.
Viviam reclusos em suas ideias, não por que eram obrigados a viver assim, mas
porque eles encaravam o tal ofício da escrita como um comentário ora pudico, ora
indecoroso. Não buscavam nenhum tipo de mérito. Eles queriam
comentar, queriam dizer, e isso lhes bastava. Dizer. Dizer que viam, que eram
testemunhas de fragmentos desapercebidos que compunham um todo. Era como uma
“sociedade secreta” sem segredo algum. Tinham os seus valores. Seus modos muito
particulares de ver o mundo. O mundo que os cercavam [e que ansiava
aprisioná-los] fora aquele em que já viviam, é claro.</div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
Os escritores de hoje, digo os famosos, os que conseguiram notoriedade,
moram em verdadeiros palácios ou quase isso. Frequentam lugares da moda, dividem
opiniões, se expõem sem medo da crítica. O insuportável para eles é não serem
notados. Não serem comentados.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
Já imaginou? Machado de Assis hoje moraria na zona sul? Andaria de
carro importado e daria inúmeras entrevistas com seu rosto em uma linda estampa
gráfica “photoshopada?”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
Não sei. Naquela época [repito o termo, lembrando os antigos] a simplicidade e a discrição eram a “onda do momento”. Se faziam
grandes escritores tão-somente pelo que eles realmente pensavam. Pensavam – que
fique claro. Não existia toda essa modernidade de hoje; e caso os escritores de
fato não pensassem, jamais sairiam do anonimato e tampouco virariam os Imortais
que aprendemos a admirar e respeitar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
Engraçado. O apelido “Dom Casmurro” originou-se justamente por uma
introspecção talvez exagerada. Se fosse hoje, quem sabe, o sujeito tomaria o
trem [ou melhor, trem não; avião] sorrindo para todos, apresentando-se como
escritor e permitiria que os demais passageiros tirassem fotos com os seus
celulares de última geração.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
Machado de Assis descrevia como ninguém o interior de uma alcova, os
quartos e cortinas, janelas, acontecimentos que se sucediam entre quatro
paredes. Depois registrava tudo com maestria. A pena na mão. Escrevia-se ali a
sentença de um juiz sobre a sociedade. Mas ele era também o defensor e o
acusador na figura de uma única pessoa. Era o Mestre. Era o dono da História.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
Não estou aqui fazendo um falso proselitismo a favor de uma vida provinciana. Ou numa
linguagem mais clara: uma vida de bicho-do-mato. Acho que a modernidade nos
ajuda e muito! Contribui e muito! Ficar parado no tempo engessa o progresso [como
disse certa vez Ferreira Gullar], no entanto confesso que vejo certo charme nos
escritores que alcançam fama e respeito pelo que pensam. Pensam e não aparecem
em badalações e eventos sociais. Porque as suas ideias chegam antes [muito
antes!] aos seus leitores do que a necessidade de sua presença física em
qualquer lugar. E isso, em tempos atuais, é praticamente um milagre! <o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
Lima Barreto conta, em Memórias do Escrivão Isaías Caminha, que sempre
se fechou para o que estava à sua volta e que, certo dia, quando resolveu
brincar com os colegas na escola, houve uma comemoração irônica por partes deles.
O menino que nunca se juntava ao grupo social de repente se juntou. Antes,
porém, de acontecer aquela brincadeira farrista com os colegas de classe, Lima
Barreto passou dias e mais dias atento ao pai, que era um homem muito culto, que
sabia como nenhum outro explicar o universo e as estrelas do céu.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
Onde será que estão os "Casmurros" de hoje? Na melhor acepção do termo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="text-align: justify;">
Será que ainda existem? <span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">Será
que se um dia a humanidade se cansar de tanto se enfeitar diante de uma
parafernália tecnológica, vai conseguir sobreviver ou cairá na desgraça cruel
do anonimato e da escuridão dos holofotes apagados?</span></div>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;"><br /></span>
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif;">Quem viver, verá.</span>Thiago Vilardhttp://www.blogger.com/profile/02832620959047868658noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8551537622263307239.post-54725133351372766722013-03-26T21:02:00.001-03:002013-03-26T21:03:04.664-03:00O Contador de histórias<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">Eu sou um deles. Sou um pequeno em meio a outros tantos pequenos. Alguns não pequenos, gigantes, frondosos, tais quais árvores centenárias que firmam presença sob a luz do sol através dos tempos. Sou grão em uma colagem mosaico que forma paisagem.</span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">Sou um contador de histórias, na mais perfeita acepção do termo: vivo de contar e de inventá-las também, na maior parte das vezes. Um obcecado pelas relações humanas, pelos fatos que elas provocam. Pelas transformações que elas são capazes de induzir no próprio meio em que acontecem. </span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">Mas como explicar o contraditório de dizer que as relações humanas são tão interessantes ao passo em que o mundo real, o mundo em que elas vivem, é tão apático e pouco atraente? Talvez por que a fantasia seja a encarregada de pincelar as cores que darão charme a um mundo desbotado, monocromático. Eu sempre preferi a fantasia. A realidade é mãe severa, dura de coração, enquanto a fantasia é mãe que cuida, que zela, que ri das travessuras do filho. Acho que por isso dou o braço a uma, mas é no colo da outra que eu pulo.</span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">Contar histórias é um dom. É dádiva. É o único momento em que se sente ungido. Deixa-se de viver a própria vida para viver a vida de outros, de muitos... São personagens que nos arrebatam com uma paixão incrível e visceral. Noites inteiras são perdidas em uma incansável luta de somar pedaços que formarão uma estrada vez linha reta, vez sinuosa. Não se consegue pensar em mais nada que não o futuro daqueles seres que parecem sair do seu imaginário para te derrubarem da cama e eles sim adormecerem por ali, plenos de toda existência.</span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">Penso que o contador de histórias é alguém que se propõe a passar o resto de sua vida a juntar letras que serão lidas, ouvidas, assistidas ou quem sabe até sonhadas por um outro alguém. É um sacerdócio prazeroso, sem crime, sem castigo, sem absolvição, sem desculpas ou justificativas por que habitamos o limbo das ideias. É um lugar mágico e praticamente espiritual de onde jamais pode brotar qualquer impureza.</span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">Lembro de cada um que me apresentou as ferramentas que hoje uso para o meu ofício. Sim, eles são chamados de professores. Eles me apresentaram as letras, as frases, as palavras cheias de significados. Mas na minha visão, eles me apresentaram bem mais do que isso. Apresentaram-me um navio prestes a deslizar para um oceano imenso. De onde não se volta, mas se manda notícias a todo momento.</span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">É gostoso estar aqui, escrevendo, dizendo, transmitindo clarões de pensamentos. Jogando com as palavras da mesma forma que elas jogam com as minhas emoções. E que emoções!</span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">Nesse mundo de faz-de-conta tudo é permitido. As rédeas que a realidade me impõe são facilmente dribladas pela sedutora astúcia do imaginário. Ele é encantador. Envolvente. Um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">lord</i> que se apresenta com capa e cartola, feito um ilusionista, e que me mostra possibilidades fantásticas. Ele me rouba o juízo e coloca sei lá o quê (mas que é muito bom) dentro da minha mente.</span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">E se me perguntassem o porquê de existirmos, tenho certeza de que me fugiria uma resposta que convencesse a mim e ao outro. Acho que eu diria que existimos para tirar algo que sobra em um lugar para pôr em outro onde falta. Não dá para entender direito, eu sei, porém é mais ou menos isso. Talvez um Robin Hood da criação: tiramos do rico imaginário para dar onde falta à pobre realidade.</span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">Fico tão emocionado em falar disso. É sério. É algo tão maravilhoso aos meus olhos, tão sublime, que chego a pensar que nenhum ser humano seria digno de receber essa incumbência. Não vou negar que surge um sofrimento, um percalço no caminho ora ou outra, mas não é de se admirar que nenhum de nós queira desistir, porque o caminhar compensa toda dor que possa surgir. É gostoso demais trilhar por um mundo que não me obriga à mediocridade simples do dia-a-dia.</span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">Eu sou contador de histórias. Já falei, né? Pois é. Sou, mas não por que escolhi ser. Fui escolhido e isso sempre vai me bastar. Amém.<o:p></o:p></span></div>
Thiago Vilardhttp://www.blogger.com/profile/02832620959047868658noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8551537622263307239.post-49260048214207915402012-11-12T14:29:00.000-02:002012-11-12T14:30:17.521-02:00O mundo espiritual e suas codificações<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">Há muitas controvérsias acerca da existência de um mundo paralelo, digamos assim, que comanda todos os desígnios desse mundo humano em que vivemos. Estou falando do mundo espiritual. Seja você religioso, ateu, agnóstico, crédulo ou incrédulo, ou que simplesmente nunca tenha pensado a respeito, a verdade é que nosso mundo terreno está cheio dessas codificações que sustentam a visão do algo “além de nós”.</span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">Uma forma prática de perceber esses códigos é quando vamos a uma cerimônia fúnebre. Tudo que ali está guarda um significado que se refere à “passagem” que o indivíduo faz de um mundo para o outro. E curioso é que mesmo os que não crêem nessa comunicação entre dois planos existenciais diferentes, reconhecem e compreendem o sentido daqueles rituais. Nota-se que a existência dos códigos independe da comprovação do fato a que eles se destinam. É como se os hábitos fossem a própria representação materializada do outro mundo. Fica a pergunta se isso já não é o suficiente para afirmar a realidade do plano superior em nossas vidas tão terrenas e passageiras.</span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">Outros códigos também estão presentes em nosso cotidiano ainda que não sejam tão perceptíveis. Quando passamos por alguma situação difícil em que nos vemos quase em um “beco sem saída”, é comum apelarmos para uma salvação que transcende a racionalidade. Esse apelo varia de pessoa para<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>pessoa, porque há quem conte as<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>suas<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>aflições<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>para<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>acaso,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ou<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>até<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>mesmo para o nada, e há quem se dirija especificamente para um Ser Supremo de sua devoção e fé.</span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">As opiniões diversas a respeito desse assunto, queira ou não, acabam por manter vivas no consciente coletivo as indagações sobre os mistérios que envolvem a nossa existência. Por vezes parece irracional pensar que somos tão auto-suficientes sem uma interferência superior. Como explicar então tantas coisas incríveis que acontecem? Como explicar verdadeiros milagres no campo da medicina, por exemplo? Será que a sorte pode<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>justificar<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>tantos<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>fatos<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ainda<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>inexplicáveis que hora ou outra nos surpreendem sem o menor nexo de razão? E se a sorte fosse uma das vertentes da fé? Ou até mesmo uma forma de fé porém com outro nome, que é provocada justamente pela força do nosso querer interior quando este entra em contato com um plano extraterreno?</span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">Talvez nunca cheguemos a uma resposta exata. Aliás, exatidão não cabe em um assunto que pressupõe forças ocultas além do nosso entendimento.</span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">E as religiões estão aí para fortalecer a nossa crença nessas forças. Cada uma vai atribuir a um Deus, ou a vários deuses, ou a entidades, o domínio sobre tudo que nos acontece, sejam coisas boas ou más. É como se o Ser Superior fosse o escritor, e nós os seus personagens; no entanto, sem que essa escrita necessite de uma lógica.</span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">Acho que tudo é possível para quem crê. A fé nasce dentro de cada um, e ela não reconhece religião, mas sim o desejo da nossa alma. Acredito que qualquer ser humano é capaz de transpor obstáculos por pior que sejam, e aí sim acontece a conexão com algo muito maior.</span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">Quando escrevi o texto da peça “Amor, Promessa e Castigo”, mergulhei na história bíblica de Ana, esposa de Elcana, e que não podia dele engravidar. Elcana era também casado com Penina, que gerava filhos e filhas. Penina humilhava Ana e a fazia chorar dias e noites. Porém Ana manteve a sua fé inabalável e assim, segundo a história cristã, o Senhor concedeu um milagre a ela, que acabou por engravidar e deu à luz Samuel. Foi impossível para mim não meditar sobre a fé. Terminei o texto da peça, que não conteve nenhum caráter religioso, mas fiquei pensando na história bíblica, que final teria se Ana não guardasse uma grande fé dentro de si. E me questionei se não era possível que houvesse outras Anas vivendo aquela situação.</span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-weight: normal;">Que códigos aquela mulher reconhecera como sendo indicador de um milagre? Faz pensar que em dados momentos cabe a nós decifrar a codificação do mundo espiritual, se acharmos conveniente acreditarmos nele.</span></div>
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-family: 'Times New Roman','serif'; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-fareast-language: PT-BR;">Num raro momento de descontração, enquanto escrevo essas linhas, lembrei daquela famosa frase em espanhol: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“</i></span><i><span style="font-family: 'Times New Roman','serif'; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-fareast-language: PT-BR;">y no creo em brujas, pero que las hay, las hay.”</span></i>Thiago Vilardhttp://www.blogger.com/profile/02832620959047868658noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8551537622263307239.post-53106841089905565212012-04-05T13:26:00.001-03:002012-04-05T13:38:42.634-03:00O amor, o amar e as suas formas<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">De todos os sentimentos capazes de serem experimentados pelo ser humano, o amor certamente é aquele que mais influencia no nosso modo de pensar e agir ao longo da existência. É ele quem dita a maior parte de nossas atitudes e estabelece uma incrível comunicação com o outro. </span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Existem vários tipos de amor: o de mãe por um filho, o de avô por um neto, o de um homem por um animal. Os relacionamentos amorosos entre duas pessoas que se apaixonam é o que se destaca na sociedade por ser uma experiência de total confiança e apego ao “objeto” da paixão. É como se o apaixonado fosse um pássaro ganhando vôo livre, embora não saiba o que há de encontrar em sua jornada pelo céu.</span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Vejo diferença entre <i style="mso-bidi-font-style: normal;">amor</i> e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">amar</i>. O primeiro é fato concluído em si mesmo, enquanto o segundo é doação sem que necessariamente haja uma entrega total a uma única pessoa. Amar é ato gratuito, difuso e parte de dentro para fora; ao contrário do primeiro, que é quase empírico, parte de um princípio, de uma experiência, por vezes de um primeiro contato, para que assim se estabeleça no campo afetivo.</span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Alguns exemplos do amar são vistos com freqüência em religiosos que dedicam suas vidas a ajudar o próximo. São capazes de enxergar em seu semelhante a própria face. Essas pessoas têm uma visão horizontal. Ao passo que o amor, a depender do ponto de vista, é perpendicular. Segue uma ordem de baixo para cima. </span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Ainda no caso do relacionamento amoroso entre casais, muito nota-se um “abaixo” do outro, sempre esperando que aquele lhe traga e lhe dedique uma atenção e um carinho que ele não consegue dar a si mesmo. </span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Diz a bíblia que Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu filho unigênito como sacrifício pelo bem da humanidade. Independente da crença religiosa, este seria um bom exemplo de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">amar</i>. Deus amou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">o mundo</i>. Por sua vez, um exemplo de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">amor</i> seria o caso da mãe que deixa de comer para ceder o alimento ao filho.</span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Nada se justifica sem amor. É um sentimento cego. É aquele que possui um arbítrio irrestrito sobre nós. Não se tem capacidade maior para determinar pensamentos, atitudes e modo de ser.</span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Já disseram que a medida da dor é a mesma medida do amor. O tanto que se ama, é o tanto que se sofre por esse amor.</span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">A manifestação suprema do amar e do amor tem variadas formas, pode se apresentar de diversas maneiras, por vezes de modo subjetivo, implícito. Pode ser um gesto, uma palavra, um sussurro ou até mesmo um prolongado silêncio. É como se o que sentimos transbordasse e fosse desaguar no outro sem a necessidade de consentimento.</span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Nos primórdios da humanidade, o sexo se sobrepunha ao amor por uma lógica que visava perpetuar a espécie. O amor [se viesse] viria mais tarde. Hoje pensamos no amor antes do sexo. O mais curioso é saber que a valorização do sentimento trouxe não só a felicidade, mas o sofrimento também. Os conflitos amorosos tomaram conta da sociedade tanto quanto a possibilidade que ganhamos de amar. </span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Há quem diga que prefere evitar o amor como forma de se proteger das desilusões futuras. Outros apregoam que o amor e a liberdade são opostos e que nunca chegam à pacificação. </span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">No século XIX era romântico sofrer por amor. Em tempos atuais é comum percebermos que o sofrimento tornou-se algo quase patológico, freando e reprimindo cada vez mais os sentimentos, e em alguns casos provocando lesões irreparáveis à autoestima.</span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Muito se fala na “revolução sexual” da década de 60, e alguns estudiosos afirmam que esse momento histórico fortaleceu a liberdade nos relacionamentos interpessoais. Por outro lado, houve um decréscimo do romantismo d’outros tempos. Passou a existir um maior “poder de escolha” no campo afetivo e sexual.</span><span style="font-weight: normal; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"> O problema é que o amor não acompanha as mudanças do tempo, é inadaptável à razão, aos conceitos, daí o motivo de tanta controvérsia e amargura.</span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Amar é mais abrangente e por isso sempre faz bem para o corpo e alma. </span><span style="font-weight: normal;">O amor é singular, enquanto amar é plural. Doar um pouco de nós para os outros, desfazendo-se de qualquer traço de individualismo, é divino. É exercício pleno da nossa condição humana. </span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;">E como diz a música: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”.</i></span></div>Thiago Vilardhttp://www.blogger.com/profile/02832620959047868658noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8551537622263307239.post-78065682476135781832012-03-01T12:54:00.002-03:002012-04-05T08:17:48.648-03:00A piada que só é engraçada para quem faz<span lang="PT-BR"></span><br />
<div align="justify">Perdi a conta de quantas piadas já ouvi na vida. São tantas que algumas se repetem de boca em boca. Muitas cheias da criatividade, outras com tintas fortes de malícia. Os temas são variados: tem a do gay, do aleijado, do papagaio, do anão, do leão, etc.</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify">Quando criança eu adorava ouvir piadas, mas não sabia contar. O que mais me instigava era tentar adivinhar qual seria o desfecho da história, qual a moral; ficava preocupado em entender, por medo de que todos rissem e eu não. As que eu não entendia, depois eu perguntava baixinho para quem estivesse próximo e ria atrasado, mas era bom ouvir.</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify">Hoje raramente ouço alguém contar uma piada. Não sei se as pessoas perderam o hábito de contar ou se fui eu quem perdeu o de ouvir.</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify">Confesso que o meu senso crítico ficou muito chato. Passei a me policiar sobre o que de fato merecia o meu riso. Saber diferenciar o que é engraçado e o que é de mau gosto. Isto porque há piadas que são engraçadas apenas para quem faz. São aquelas discriminatórias, ou cheias de preconceito cujo intuito é tentar alcançar o humor através da ridicularização do outro.</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify">Concordo que o ser humano precisa ter a capacidade de rir de si mesmo. O problema está quando a finalidade é somente debochar de alguém ou de algo, aí que a piada perde a graça. Quando a usamos para apontar defeitos, imperfeições, fazer críticas maldosas ou até mesmo ofender. O que às vezes parece uma anedota inocente, pode na realidade ser uma ofensa disfarçada.</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify">Nunca entendi por que o ser humano tem o estranho prazer de rir da desgraça alheia. Quando alguém vai ao circo, por exemplo, assistir a um domador de feras, a expectativa é de que o leão consiga devorar o domador. A "graça" é esta.</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify">Os jornais mais vendidos são os que estampam suas capas com fotos sensacionalistas. O horror é mais atraente do que a beleza. Do mesmo modo como alguém prontifica-se a ouvir algo triste que outra pessoa vai lhe contar, mas não se interessa de ouvir quando o assunto é "leve" ou banal. </div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify">Imaginar a dor do outro sem que a gente esteja passando por ela causa um certo <i>frisson</i>. E uma automática sensação de alívio, que nós dá a falsa impressão de que estamos "a salvo".</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify">Assim é com a piada ofensiva. Colocamos o outro numa situação vexatória enquanto nós damos risadas. Ficamos de fora, como se fôssemos meros expectadores.</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify">Acho que deveríamos fazer piadas para o outro, e não do outro. Em um mundo em que as pessoas se encontram tão fragilizadas em sua auto-estima, é quase uma agressão condutas que soem como ridicularização e desmoralização.</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify">Vejo essa prática em certos programas de humor, em que deveriam tomar mais cuidado, serem mais responsáveis com o teor de suas "brincadeiras". Não esquecer que tem uma pessoa de carne e osso ali do outro lado assistindo. E esse que assiste pode sim se sentir ofendido. A linha que separa uma piada sadia de outra de extremo mau gosto é muito débil.</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify">Não estou defendendo aqui nenhum tipo de censura! De forma alguma! Sou radicalmente contra qualquer tipo de medida que limite a criação artística e a liberdade de expressão. O que defendo é uma responsabilidade ética e moral nas mídias, onde não haja brecha que possibilite a disseminação do preconceito.</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify">Não sei se estou parecendo mal humorado, mas também nunca achei a menor graça em ver as pessoas se machucarem. Tem gente que tem crises de riso ao ver uma pessoa tomar um tropeção na rua, por exemplo. Tudo bem, há casos nada graves em que se é possível achar alguma graça. Porém ri-se até de uma pessoa que leva um tombo e fratura o crânio. Na hora, o riso; depois, o socorro ao acidentado.</div><div align="justify"></div><div align="justify"> </div><div align="justify">Se tomarmos por base a burguesia da Londres do século dezoito, veremos que a fome do ser humano pela desgraça alheia é antiga. As damas inglesas, naquele tempo, pagavam para visitar os sanatórios com o objetivo de divertir-se atormentando os loucos. Era considerado um programa "de família", muito comum entre os nobres.</div><div align="justify"><br />
</div><div align="justify">Fico me perguntando se nós, ao acharmos graça numa piada de mau gosto, ou no tombo de uma pessoa que atravessava a rua e quase foi atropelada, não estaríamos repetindo a mesma conduta das senhoras inglesas do século dezoito.</div><div align="justify"><br />
</div><span style="font-size: small;">Acho que ainda passarão muitos anos sem que saibamos como funciona a mente humana. É um mistério a ser desvendado. Por que a dor do outro é tão satisfatória? Por que a desgraça ocupa tanto destaque no nosso dia-a-dia? Vale a pena fazer uma análise.</span>Thiago Vilardhttp://www.blogger.com/profile/02832620959047868658noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8551537622263307239.post-18149470182035227172012-02-01T23:23:00.000-02:002012-02-01T23:23:09.302-02:00A demonização do entretenimento de massa<span lang="PT-BR"> <div style="text-align: justify;">Não é de hoje que ouço falar dos meios de entretenimento para a grande massa como algo de pouco ou nenhum valor cultural. As mídias especializadas nesse tipo de conteúdo sofrem com a não-aceitação e a crítica feroz das elites.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">É como se houvesse uma hierarquia. Para os ricos, o melhor; para os pobres, um subproduto. Essa espécie de divisão busca valorizar ainda mais as classes privilegiadas, colocando-as num pedestal, como detentoras do que há de melhor em cultura. É uma tentativa de justificar por que uns têm mais do que outros. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O raciocínio é o seguinte: uma pessoa de instrução, bem articulada, que conheça países, fale idiomas, tenha acesso a bons lugares certamente justificará estes privilégios por meio do que chamo de <i>demonização</i> do entretimento para os mais desfavorecidos. Alguns privilegiados dirão: "<i>Eu tenho mais que você porque eu tenho cultura, e você não."</i></div><div style="text-align: justify;"><i> </i><div style="text-align: justify;">Vale lembrar que o Brasil é um país onde a maior parte das pessoas vive na pobreza ou abaixo dela. Muitos não têm acesso a museus, livros, teatros, salas de cinema Não por que não querem. Mas por que não podem. Não me parece absurdo que um chefe de família compre um quilo de comida em vez de um ingresso de cinema, por exemplo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Acho válido tudo que é feito para as massas. Para as classes mais pobres. Temos uma das melhores redes de entretenimento do mundo. Um meio de entretenimento injustamente depreciado é a telenovela. O Brasil conquistou know-how nesse setor e exporta suas produções para mais de cento e vinte países. Fora outras produções, como programas de auditório, transmitidos através das redes internacionais vinculadas às emissoras.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Precisamos parar de demonizar o que é de acesso fácil para esse grande público tão carente de cultura.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Por que não criar iniciativas governamentais que barateiem os custos das produções teatrais e assim tenhamos ingressos a preços populares? Da mesma forma, por que não o fazem com o cinema? Por que não há incentivo para que as pessoas ao menos uma vez visitem os museus de sua cidade? Por que não criar mais bibliotecas, com bons acervos? O Brasil também é reconhecido pelos imortais da Literatura, que muitos nunca nem ouviram falar. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A pobreza mais grave é a de informação. Um povo que desconhece os próprios valores é incapaz de conquistar uma melhor qualidade de vida.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A quem interessa a ignorância da população?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Penso que os que criticam o que é consumido pelo pobre, deveriam também se engajar em causas sociais que melhorem a vida dessas pessoas. Que ajudem a cobrar do Estado o que é dever dele: oferecer condições dignas para que o povo tenha uma boa educação e mais acesso à cultura geral. Mas por que não o fazem? Por que tão-somente criticar o mínimo que sobra para essas pessoas?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Há um grande desperdício de críticas nesse país. Há um vício de desvio de atenção. Perde-se muito tempo fazendo fumaça de gelo seco para simular incêndio. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Temos de cobrar cultura de quem realmente pode ajudar a difundi-la. Temos de cobrar, sobretudo, uma educação decente nas escolas. Distribuir livros. Incentivar a leitura. Fazer com que os grandes nomes de nossa arte sejam conhecidos pelos mais carentes. Criar meios que facilitem a formação do pensamento.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O pensamento é, sem dúvida, um dos bens mais preciosos que se tem. É através dele que descobrimos o mundo. É válido quando alguém, ao assistir uma novela, por exemplo, reflete sobre determinado personagem, sobre o seu conflito, e isso suscita uma discussão saudável acerca de algum tema.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Fico me perguntando se a internet também não está caminhando a passos lentos para a sua <i>demonização</i> frente as demais formas de aquisição de cultura.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Noto que há muito preconceito a tudo que nivela, de um certo modo, a sociedade. Existe uma resistência tácita que quer deter o conhecimento apenas para si. E que vê a expansão dos veículos de comunicação como uma verdadeira ameaça.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O conhecimento liberta, seja ele por que meio se dê. A parte boa da história é que o avanço das mídias continua a todo vapor, fortalecendo a democracia, valorizando e enriquecendo a interação entre os povos e suas culturas diversificadas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Quem sabe daqui a alguns anos tenhamos uma sociedade de fato liberta do demônio da ignorância e do preconceito?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">É ver pra crer!</div></div></span>Thiago Vilardhttp://www.blogger.com/profile/02832620959047868658noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8551537622263307239.post-66744483836896214732012-02-01T07:02:00.000-02:002012-02-01T07:02:24.167-02:00A sociedade cria monstros<span lang="PT-BR"> <div style="text-align: justify;">Incrível o patamar de violência a que se tem chegado em alguns setores da sociedade. Nas escolas, a maldade que antes era quase anônima, hoje é internacionalmente conhecida por <i>bullying.</i></div><div style="text-align: justify;"><i> </i><div style="text-align: justify;">O tal <i>bullying</i>, na minha forma de pensar, é tão antigo quanto o laboratório do Dr. Victor Frankstein e de seu monstro, que levava o mesmo sobrenome. Só que no caso da vida real, criador e criatura se excedem em seus papéis e o apelo romanesco perde espaço para as grandes tragédias sociais. Ex alunos que invadem as escolas sedentos por sangue, por exemplo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A responsabilidade de acabar com essas fábricas de monstros não é do Estado. Mas sim de quem contribui para que ele tome forma e saia por aí fazendo as suas vítimas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Quem fabrica o monstro?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Quem fabrica é quem exerce algum tipo de poder sobre o "material bruto" do qual ele é formado. Vindo à realidade e fazendo uma analogia com o que já foi dito, basta falar que uma criança é um material bruto, tal qual uma pedra que deve ser lapidada para alcançar rara beleza. A rara beleza da realidade é o caráter, que deve ser modelado pelos pais. Lembrando que cada um já nasce com uma tendência de caráter, por isso é importante o acompanhamento direto dos pais.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Os professores apenas trabalham e complementam aquilo que a criança traz de casa. De modo que um marceneiro precisa de uma boa peça de madeira para que o seu trabalho saia a contento. Uma peça de má qualidade jamais poderá transformar-se num móvel primoroso.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">É preciso investigar quais os valores que tomamos como base. Vale lembrar que uma criança tem como certo tudo aquilo que lhe é ensinado. É fato nem todo filho concorda com aquilo que aprende, mas a base que ele recebe quando criança é imutável. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Por outro lado, a ausência ou omissão dos pais também serve como alavanca para a formação do caráter de um indivíduo. Voltando à pedra que deve ser lapidada, imaginemos que essa pedra fique abandonada ao léu, sendo esculpida por fatores externos que não os de sua natureza original. Fatalmente vão aparecer imperfeições em sua forma. Claro! O material usado na sua formação também foi imperfeito, logo não teria como ser diferente dele.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A sociedade, por sua vez, faz vistas grossas ao que julga "normal". Acha normal crianças se agredirem, se ofenderem em pleno ambiente escolar. <i>Ah, coisa de criança!</i> <span style="font-family: Symbol;">¾</span> é a justificativa. Não é difícil o pai achar bacana, como prova de masculinidade, o filho agredir o coleguinha mais fraco ou o "mais estranho" da turma. O problema é que aquele coleguinha frágil, indefeso, vai crescer e pode reclamar anos mais tarde todas as humilhações pelas quais passou.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A sociedade odeia a injustiça (alunos inocentes morrerem), mas não odeia o injusto (o filho que pratica o <i>bullying</i> contra outra criança). É uma relação de amor e ódio. O conceito do que é normal ou não, dentro deste assunto, ainda não ficou bem esclarecido; não gera consenso nem entre os especialistas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A população se acostuma com velhos hábitos e depois não consegue revê-los, reavaliá-los. É muito difícil falar para alguém que algo é errado quando ela passou a vida toda achando que era o correto, ou que era natural. A mudança para todo esse caos passa justamente pela ideia de rever conceitos, reformular pensamentos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">É indispensável a participação do professor nessa reformulação de conceitos. Os esforços devem ser de responsabilidade de todos. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Nenhuma mudança é possível sem a cooperação das várias partes envolvidas. Há de se pensar que o objetivo é comum a todos. Já é tempo de fecharmos as fábricas de monstros. Precisamos formar cidadãos de bem. É necessário que a sociedade tenha ânimo da mudança, partindo da educação familiar. Dos valores que são agregados à pessoa desde a sua infância.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Talvez a minha afirmação pareça pessimista, porém acredito que a sociedade cria os seus monstros e depois não sabe lidar com eles. Isso faz um link com outro assunto, que é o nosso sistema penitenciário, que não recupera o indivíduo; ao contrário, é sabido que a maior parte dos detentos "evoluem" na escala do crime quando apenados. É o velho método de atacar a consequência e não a causa, gerando um círculo vicioso.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Talvez tratar a consequência seja mais rápido e prático do que investigar a causa. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><span style="font-size: x-small;"><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: small;">Há algo de muito errado. Se não começarmos a mudar de agora o nosso comportamento diante de alguns fatos, um colapso social será inevitável; onde a violência se tornará algo tão banal que deixará de nos provocar indignação. É aí que mora o perigo...</span></div></span></div></span>Thiago Vilardhttp://www.blogger.com/profile/02832620959047868658noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8551537622263307239.post-55288597673949493992012-01-03T02:07:00.000-02:002012-01-03T11:10:57.141-02:00Os enterros ao longo da vida<div style="text-align: justify;"><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A morte é a certeza mais perfeita da vida. Tão certa e derradeira que vem o homem através dos séculos tentando de alguma forma adiá-la. Custa a nós aceitar o último suspiro ou o útlimo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">adeus</i>. Penoso é ter de concordar com aquilo que não está ao nosso alcance de mudar. Negociar com o tempo o que a nossa existência nos impõe como regra, não é tarefa das mais agradáveis.</span></span></div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"></span><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ok.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Deixemos agora o lado sombrio da coisa. Façamos uma pergunta simples, porém conceitual: “Acaso nossa vida não é trajetória de velórios e enterros ao longo do tempo?”</span></span></div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Tudo parte de um recomeço. A morte física é o limite deste recomeço que se dá por todos os dias, meses e anos, enquanto seres viventes. Demarca quando esgotadas todas as possibilidades. Ao passo que os enterros que o destino nos impõe durante a nossa breve passagem pelo mundo cuida de fazer com que as coisas se renovem. A arte da volta, depois<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>daquele<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>velório </span><span style="font-family: Symbol; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-char-type: symbol; mso-hansi-font-family: "Times New Roman"; mso-symbol-font-family: Symbol;"><span style="mso-char-type: symbol; mso-symbol-font-family: Symbol;">¾</span></span><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>sim!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>porque<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>é<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>uma arte<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><span style="font-family: Symbol; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-char-type: symbol; mso-hansi-font-family: "Times New Roman"; mso-symbol-font-family: Symbol;"><span style="mso-char-type: symbol; mso-symbol-font-family: Symbol;">¾</span></span><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>nos ensina como dar início a um novo ciclo. A uma nova etapa.</span></span></div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Tal qual uma pessoa que sepulta um ente muito querido, assim o é quando enterramos amores, sonhos, projetos, pensamentos, ideias, etc. O indivíduo retorna daquele sepultamento e dali lança-se a uma nova jornada. Ora, por assim pensar, logo se conclui que a “morte” nem sempre é algo tão terrível, tampouco prejudicial a nós. </span></span></div><br />
<div style="text-align: justify;"><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A incerteza do que há de vir pela frente contempla também a possibilidade de gratas surpresas! (por que não?) É preciso estar aberto às novas experiências que somente acontecem depois de outras tantas que foram enterradas.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Imagino uma pessoa que passou anos seguindo a uma determinada religião. Mais da metade de sua vida. E em algum momento torna-se adepta de uma outra ordem religiosa, totalmente contrária àquela que seguia antes. Essa “simpatia” pela nova religião jamais seria possível sem que as convicções da antiga fossem sepultadas. Da mesma forma que alguém que se apaixonou por mais uma vez, sepultou o sentimento que antes sentiu por outra pessoa.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Enterra-se um amor para que nasça e viva um novo amor; que se porventura for mais feliz que o anterior, comprovar-se-à então o benefício daquele “sepultamento”.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">É extremamente necessário, porém, chorarmos os nossos “mortos”. Não deixá-los como fantasmas, não! Chorar, prantear por eles. Isto sem impedir o começo do novo ciclo. Viver o nosso luto é importante. Darmos a nós mesmos o direito do lamento não nos provoca fraqueza; ao contrário, é o juntar dos cacos, é a reunião incosciente de tudo que sobrou de nós. Vou mais adiante: é o princípio do nosso <i style="mso-bidi-font-style: normal;">eu</i>.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">O problema é quando esse luto nos impede de crescer e evoluir como pessoa. Como tudo na vida, o luto deve ter tempo determinado. Mas deve acontecer, claro! Não de forma permanente, no sentido de que não consigamos mais estar abertos às novas experiências. </span><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">O luto pode ser interno, desde que este não atrapalhe a conduta do recomeço externo, em nossas atitudes dali em diante.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O que me cabe dizer é que o recomeço sempre acontece de dentro para fora. Recomeça-se na alma para só então recomeçar na atitude. Por isso o luto interno tem de estar em harmonia com o externo, um não pode ser impeditivo do outro; ambos<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>devem<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>recomeçar,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>simultaneamente<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ou não. Mas inevitavelmente em algum momento tem de haver sinergia entre ambos.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Estar de luto não quer dizer que a vida acabou junto com aquilo que sepultamos. No caso de um sonho antigo, não realizado e sepultado, é essencial que tenhamos a capacidade de criar novos sonhos e alcançar novos objetivos. Claro que o pranto pode ser longo </span><span style="font-family: Symbol; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-char-type: symbol; mso-hansi-font-family: "Times New Roman"; mso-symbol-font-family: Symbol;"><span style="mso-char-type: symbol; mso-symbol-font-family: Symbol;">¾</span></span><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> não é fácil enterrar um sonho antigo </span><span style="font-family: Symbol; line-height: 150%; mso-ascii-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-char-type: symbol; mso-hansi-font-family: "Times New Roman"; mso-symbol-font-family: Symbol;"><span style="mso-char-type: symbol; mso-symbol-font-family: Symbol;">¾</span></span><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> mas o luto não não pode ensejar inércia e indiferença quanto ao futuro.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Acho que quase todo escritor enterrou algum livro que seria o primeiro de sua vida; enterrou com ele todos os seus personagens, todas as suas ideias. Lamentou por eles. Lamentou profundamente. No entanto, isto não o fez um fracassado. Quantos livros<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>um<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>escritor<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>genial<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>deixaria<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>de<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>oferecer aos<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>seus<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>leitores<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>caso<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>seu<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>luto<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>lhe<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>provocasse a indiferença? A história é reescrita constantemente, tal qual num livro de romance em<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>capítulos, ou em uma novela. Um capítulo morre para<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>começar outro.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span style="line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Quando voltamos do enterro daquele ente querido, já no caminho, em luto, tomando consciência da inesperada realidade, sem que percebamos, ali cria-se um ponto de partida.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>É preciso estar atento à essa sutileza. A dor<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>gera<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>uma<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>cegueira<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>momentânea,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>que<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>é curada com o passar do tempo. E em ajuda ao tempo, cura-se a cegueira com o imprescindível exercício da sensibilidade diária. </span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span></div>Thiago Vilardhttp://www.blogger.com/profile/02832620959047868658noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-8551537622263307239.post-55198068356720464152012-01-03T01:53:00.000-02:002012-01-03T11:22:12.080-02:00Não se deve compartilhar infelicidade<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Em certa ocasião fiquei sabendo de uma pesquisa onde constatou-se que a maior parte dos casamentos se desfazem antes de completarem cinco anos. As causas alegadas por esses casais que não deram certo são as mais diversificadas, e abrange desde a temida infidelidade até uma simples discussão de fim de semana. E isto é o que se tem de menos grave para se falar em separação. Em alguns casos, a violência doméstica é um fator dominante, motivada quase sempre por consumo de drogas e problemas com alcoolismo.</span></span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-weight: normal;">Mas saindo da parte “técnica” da coisa </span><span style="font-family: Symbol; font-weight: normal; mso-ascii-font-family: "Times New Roman"; mso-char-type: symbol; mso-hansi-font-family: "Times New Roman"; mso-symbol-font-family: Symbol;"><span style="mso-char-type: symbol; mso-symbol-font-family: Symbol;">¾</span></span><span style="font-weight: normal;"> se é que podemos classificar assim dados tão alarmantes </span><span style="font-family: Symbol; font-weight: normal; mso-ascii-font-family: "Times New Roman"; mso-char-type: symbol; mso-hansi-font-family: "Times New Roman"; mso-symbol-font-family: Symbol;"><span style="mso-char-type: symbol; mso-symbol-font-family: Symbol;">¾</span></span><span style="font-weight: normal;"> fico me perguntando o que leva de fato milhares de casais ao divórcio. Será que as pessoas descobrem-se infelizes depois do casamento? Acho que não.</span></span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-weight: normal;">Não me cabe aqui analisar, julgar ou discorrer sobre qualquer assunto que não me caiba um conhecimento mais aprofundado. No entanto, há tempos que eu parto do princípio de que as pessoas já se casam infelizes. Sim! O que acontece é que o apelo da sociedade é tão grande em prol da formação de uma família </span><span style="font-family: Symbol; font-weight: normal; mso-ascii-font-family: "Times New Roman"; mso-char-type: symbol; mso-hansi-font-family: "Times New Roman"; mso-symbol-font-family: Symbol;"><span style="mso-char-type: symbol; mso-symbol-font-family: Symbol;">¾</span></span><span style="font-weight: normal;"> tipo comercial de margarina </span><span style="font-family: Symbol; font-weight: normal; mso-ascii-font-family: "Times New Roman"; mso-char-type: symbol; mso-hansi-font-family: "Times New Roman"; mso-symbol-font-family: Symbol;"><span style="mso-char-type: symbol; mso-symbol-font-family: Symbol;">¾</span></span><span style="font-weight: normal;"> que as pessoas casam-se sem muito esforço e deixam o lado chato e burocrático só para os trâmites legais. Ninguém nunca quer tramitar consigo mesmo, com as suas próprias razões, ou com o próprio <i style="mso-bidi-font-style: normal;">eu</i>. </span></span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O medo da solidão também é um fator para haver tantos casamentos protocolares, aqueles em que o entusiasmo fica por conta de um sorriso numa foto para pôr no álbum, de recordação. Mas recordar o quê? Do que dia em que se casaram como se estivessem assinando um contrato de sociedade?</span></span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">É claro que existem muitos casamentos felizes. Muitos mesmo. Porém vou arriscar dizer que se trata da minoria, infelizmente.</span></span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Daí, você que acompanha esse texto, pode estar se perguntando onde eu quero chegar falando do casamento dos outros. Muito simples: quero falar<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>da<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>infelicidade,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>da<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>insatisfação<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>pessoal<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e mal<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>resolvida<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>que<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>faz<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>com<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>que<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>alguns<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>se<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>casem e transmitam esse fardo a um outro alguém, inocente na história.</span></span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não estou apregoando aqui a falência do casamento ou a descrença na vida conjugal. Estou fazendo o raciocínio lógico de que infelicidade não se divide, ou não se deve dividir. Se o indivíduo tem uma insatisfação plena consigo mesmo, não é aconselhável que ele se una a alguém porque é quase certo que ele fará o seu parceiro ou parceira infeliz igualmente. </span></span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-weight: normal;">O raciocínio é matemático também: um infeliz é menos que dois infelizes. No caso dessa proporção, a lógica é inversa </span><span style="font-family: Symbol; font-weight: normal; mso-ascii-font-family: "Times New Roman"; mso-char-type: symbol; mso-hansi-font-family: "Times New Roman"; mso-symbol-font-family: Symbol;"><span style="mso-char-type: symbol; mso-symbol-font-family: Symbol;">¾</span></span><span style="font-weight: normal;"> quanto menos, melhor. Porque no casamento esse número pode ficar até bem maior, um casal há de se propor a ter filhos, criar uma família, e só Deus sabe quantos vão experimentar o peso de uma infelicidade<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>alheia<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>mal<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>resolvida.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Por isso usei o casamento como<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>parâmetro,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>porque<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>é<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>justamente<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>com<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ele que<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>uma<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>doença<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>da<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>alma<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>pode<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>se<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>alastrar<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>fazer<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>tantos<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>sofrerem.</span></span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">As amizades, da mesma forma, estão sujeitas a esse mal. Quantos não dizem que depois que conheceram e passaram a conviver com fulano, a vida não “desandou”, ou que ficaram de uma hora para outra infelizes, irritadas ou insatisfeitas sem causa aparente?</span></span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A coisa mais preciosa que temos para dividir enquanto estivermos nesse mundo é a tal felicidade. Essa que se deve buscar de forma incansável, perseverante! Felicidade contagia os que estão ao redor. Preenche a alma. É como luz que transpassa e vai alcançar o outro.</span></span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mas o que é a felicidade?</span></span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">É uma pergunta difícil de responder. Mas digo que felicidade é a satisfação de estar bem consigo e com o mundo. É não se incomodar se a grama do vizinho é mais verde que a sua. É agradecer a Deus cada segundo de mais um dia de vida. É se sentir participante e responsável zeloso por uma história que em que não há apenas um personagem, mas vários! É dever de cuidado, com as outras pessoas, com a natureza, com os animais. É saber respeitar a si mesmo e ao próximo, e se perdoar pelas falhas cometidas e aprender com elas.</span></span><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Felicidade tem que ser uma filosofia de vida. Eliminar de nós aquilo que nos faz mal. Saber identificar o que é preciso mudar, ou melhorar. Nesse mundo temos sempre alguém esperando por nós ali adiante, e é bom que cuidemos do nosso espírito. Melhoremos as nossas atitudes. </span></span><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Está certo que muitos dizem que ninguém é feliz de tudo, mas seria ótimo que ninguém também fosse infeliz de tudo. O “infeliz de tudo” é aquele que permite que apenas o seu lado ruim prevaleça e acaba<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>repartindo-o com os outros.</span></span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não se deve compartilhar infelicidade, fato!</span></span></div><div align="justify"></div>Thiago Vilardhttp://www.blogger.com/profile/02832620959047868658noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8551537622263307239.post-78368781111347738292012-01-03T01:49:00.002-02:002012-01-08T00:06:00.480-02:00O peso é dado a quem consegue suportá-lo (os verdadeiros heróis)<div style="text-align: justify;"></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Nos meus tempos de criança, na adolescência e até mesmo hoje, na fase adulta, ainda consigo ficar empolgado quando vejo os meus heróis do cinema entrarem em ação. A forma como os vilões tecem as suas teias de maldade e o modo como os heróis são capazes de desfazê-las, muitas vezes através de obstáculos quase intransponíveis, me provocam grande entusiasmo. </span></span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Um dia quis ser um herói. Imaginei que pudesse usar uma capa, ter asas ou super poderes que me fizessem enfrentar os vilões do mundo. Doce imaginação! Os heróis sempre estariam nas telas do cinema, seus super poderes condenados à ilusão dos efeitos especiais, e suas vitórias repetidas incansavelmente à cada nova exibição feita pelo projetor da sala escura.</span></span></span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"></span></span><br />
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não. Eu estava enganado. Lembrei dos heróis da vida real, que não usam capas nem máscaras. Pensei nas milhares de pessoas no mundo inteiro, vencendo as suas barreiras. As suas lutas não são obras de ficção. Todos os dias estão eles por aí, anônimos, fincando bandeiras de conquistas, superando-se.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Seus vilões não são menos terríveis que aqueles do cinema. </span></span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span></span> <br />
<div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Cada um é herói de si mesmo. Cada um sabe onde o sapato aperta, como se ouve dizer. E não se pode transferir o que é de responsabilidade nossa. Neste sentido, penso na orientação do Messias quando<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>disse<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>que<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>cada<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>um<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>carregasse<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>sua<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>cruz. A Dele era de madeira, cheia de farpas, pesada, e somente Ele seria capaz de suportá-la. Era necessário aquele sacrifício representado pela cruz. Aquele<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>martírio<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>estava<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>destinado a<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ele, que o cumpriu até o fim. E qual seria o nosso?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Qual<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>seria<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>cruz<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>que<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>teríamos<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>de<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>carregar?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>que o destino tinha reservado para nós?</span></span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Presumo que Deus-Pai não escolheu um dos<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>discípulos do Messias para passar por aquele sofrimento porque nenhum deles estaria preparado. Assim é conosco. Nosso fardo é individual e não podemos delegá-lo a outra pessoa. Cabe a nós nos tornarmos heróis dentro de nossa própria história. Porque todos trazem um herói dentro de si.</span></span></span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Certa vez parei para refletir sobre o que eu tinha vivido ao longo desses anos, praticamente desde que nasci. Cheguei à conclusão de que tudo por que passei seria insuportável para algumas pessoas, elas simplesmente não saberiam sair de determinadas situações, não teriam como lidar com certas dificuldades. Por outro lado, eu também não saberia enfrentar muitos problemas pelos quais os outros passaram. Daí vêm à mente aquele famoso “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">e se</i>...”. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">E se</i> fosse o fulano no meu lugar? <i style="mso-bidi-font-style: normal;">E se</i> fosse<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>eu<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>no<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>lugar<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>de<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>fulano?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Como<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>seria? Acho que em algum momento na vida já nos perguntamos<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>isso.</span></span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ora, a resposta é muito simples! Nessa longa caminhada o peso só é dado a quem consegue suportá-lo. Algo sempre está destinado a nós. </span></span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Penso também que o vencedor nem sempre é aquele que de fato venceu a batalha, mas sim o que soube fazer um bom combate.</span></span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Um dia, conversando com uma amiga, desabafei alguns problemas. Questionei para ela por que eu tinha de passar por todo aquele dilema. E ela me falou algo que nunca mais esqueci: “É você quem está passando porque só você é capaz de resolvê-lo</span></span><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">. Ele é seu.”</span></span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A princípio, a frase da minha amiga poderia soar como algo extremamente egoísta, como se ela fosse insensível ao meu sofrimento. No entanto o que ela disse era uma verdade! Não consegui imaginar alguém tão bem preparado quanto eu para contornar aquela situação. E de fato não havia ninguém. Eu estava assumindo a minha cruz. </span></span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Acredito que quando nós ganhamos consciência do nosso papel diante dos problemas que enfrentamos, eles diminuem de tamanho e nós crescemos na mesma proporção. Não podemos nos deixar intimidar de forma alguma. Como um guerreiro da luz que nunca desiste ainda que a batalha pareça perdida. Ainda que o cenário seja desfavorável e assustador. Uma luta não começa quando pegamos as armas; começa quando assumimos<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>nossa<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>condição<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>de<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>lutador<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>dentro de nós. A figura do lutador nasce antes da própria luta, antes do enfrentamento.</span></span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O medo é indispensável para o auto-conhecimento. É através dele que criamos bases sólidas para a batalha. Passamos a delinear onde estão as nossas fraquezas e aprendemos a sobrelevá-las.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Deste<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>modo,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>aí<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>estão<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>as<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>asas<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>dos heróis da vida real: na capacidade extraordinária<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>de<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>vencermos<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>os<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>nossos<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>receios<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>voarmos<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>como<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>águia.</span></span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não creio que a vida seja tão injusta, dá-nos a dificuldade, mas junto traz a força magnífica que existe em nós.</span></span></div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"><span style="font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Carregar a cruz pode ser uma tarefa muito benéfica, a depender da postura que tomamos diante dos embaraços da vida.</span></span></div><div align="justify" class="MsoBodyTextIndent" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;"></div></span></span> </span></span>Thiago Vilardhttp://www.blogger.com/profile/02832620959047868658noreply@blogger.com4