Será que alguém já parou para refletir sobre o poder da tão desejada felicidade?
Às vezes passamos tanto tempo a buscá-la, que sequer pensamos a respeito de
como na prática esse sentimento poderia influenciar a nossa vida e, por
consequência, as nossas atitudes.
É óbvio que essa busca incansável reflete na verdade um estado de
espírito. Há quem diga que não existe ser
feliz, mas sim estar feliz. Outros
afirmam que a felicidade é o caminho, e não o destino da caminhada. Alguns
argumentam ainda que a felicidade consiste em fragmentos de situações vividas;
sendo assim, não é um estado permanente, alterna-se com momentos de tristeza e
frustrações.
Uma opinião que sempre trago comigo é que o feliz, de momento ou não, jamais especula maliciosamente sobre a
vida do outro. Não maldiz o seu próximo e nem pragueja ou investe contra ele movido
por inveja ou qualquer outro sentimento negativo. Porque a felicidade tem
vários poderes, entre os quais o de preencher o interior de uma pessoa; de provocar
um bem-estar tão grande que não resta espaço para sentimentos negativos. Ao
contrário, quanto mais se é feliz, mais se quer que o outro também seja feliz e
experimente aquela sensação boa e plena.
Segundo um estudo realizado pelo cineasta europeu Collin Camino, em
2009, cujo título é Reverse Diabetes,
ou em uma tradução livre para o português
“Diabetes Reverso”, aponta a felicidade como principal elemento de cura
para a doença. Inclusive o estudo levou Camino a criar o instituto “Espírito
Feliz” na internet, e seus escritos são seguidos fielmente em 9 países, estando
na Inglaterra e nos Estados Unidos o seu maior número de seguidores. Camino é
escritor e cineasta por formação, mas dedica boa parte do seu tempo a pesquisar
de forma independente os efeitos da felicidade na saúde das pessoas.
De início, o site procurava mostrar a cura para a depressão. Passado
algum tempo, depois de muitas pesquisas realizadas pelo cineasta, chegou-se à
conclusão de que um estado de espírito feliz tinha o poder de reverter o
diabetes também, sem que os pacientes precisassem necessariamente seguir uma
dieta rigorosa, abstendo-se de todo tipo de açúcares.
Ora, levando em conta o estudo de Camino e mais o comportamento de
algumas pessoas que se dizem felizes, não seria leviano afirmar que só nesse
viés temos dois benefícios incríveis que só a felicidade é capaz de proporcionar:
o desapego de uma forma maldosa de enxergar a vida alheia e também a cura de
doenças.
O problema é quando condicionamos a nossa felicidade à conquista de
determinados bens materiais e assim julgamos que não poderemos ser felizes sem
eles. Ou ainda, quando depositados em alguém a razão da nossa felicidade — e
este talvez deva ser o maior erro de todos, visto que se o outro nos
decepciona, nós nos tornamos fonte de amarguras, frustrações e tristezas que
nos arrastam para o fundo do poço. Ficamos dependentes do outro para que
sejamos felizes.
O que é indispensável que tenhamos em mente é que somos os únicos
responsáveis pela nossa própria felicidade, o outro apenas soma, contribui, mas
não é capaz de trazer aquilo que não existe em nós originalmente. Como dizia o
Marquês de Maricá: “Os homens nos parecerão sempre injustos
enquanto o forem as pretensões do nosso amor-próprio.”
Depositar
no outro todas as nossas expectativas de amor e felicidade quase sempre nos traz
graves decepções. A escritora gaúcha Clarisse Corrêa alerta: “Mais amor próprio. Porque antes de amar
qualquer coisa ou pessoa você tem que amar você mesmo primeiro.”
Felicidade
boa é aquela que nos tira do prumo, da zona de conforto. É aquele tipo que
temos até medo de perder, seja até por um vento que soprar na hora errada. É
aquela que provoca frio na barriga. Sentimento de eternidade. De gratidão a
Deus, à vida e às pessoas queridas que estão ao nosso redor, zelando por nós.
A
proposta é: ser feliz e deixar que os outros também o sejam, cada um à sua
maneira. Porque cada ser humano é único em sua essência, e somente o próprio
indivíduo sabe o que é melhor para si. Não aceitar ou combater a felicidade do
outro é negar a si mesmo o direito de cuidar da própria vida e de também tentar
ser feliz.
Como
diz a canção do Marcelo Jeneci: “Felicidade é só questão de ser.”
Ponto.
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