Total de visualizações de página

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Não se deve compartilhar infelicidade

Em certa ocasião fiquei sabendo de uma pesquisa onde constatou-se que a maior parte dos casamentos se desfazem antes de completarem cinco anos. As causas alegadas por esses casais que não deram certo são as mais diversificadas, e abrange desde a temida infidelidade até uma simples discussão de fim de semana. E isto é o que se tem de menos grave para se falar em separação. Em alguns casos, a violência doméstica é um fator dominante, motivada quase sempre por consumo de drogas e problemas com alcoolismo.

Mas saindo da parte “técnica” da coisa ¾ se é que podemos classificar assim dados tão alarmantes ¾ fico me perguntando o que leva de fato milhares de casais ao divórcio. Será que as pessoas descobrem-se infelizes depois do casamento? Acho que não.

Não me cabe aqui analisar, julgar ou discorrer sobre qualquer assunto que não me caiba um conhecimento mais aprofundado. No entanto, há tempos que eu parto do princípio de que as pessoas já se casam infelizes. Sim! O que acontece é que o apelo da sociedade é tão grande em prol da formação de uma família ¾ tipo comercial de margarina ¾ que as pessoas casam-se sem muito esforço e deixam o lado chato e burocrático só para os trâmites legais. Ninguém nunca quer tramitar consigo mesmo, com as suas próprias razões, ou com o próprio eu.

O medo da solidão também é um fator para haver tantos casamentos protocolares, aqueles em que o entusiasmo fica por conta de um sorriso numa foto para pôr no álbum, de recordação. Mas recordar o quê? Do que dia em que se casaram como se estivessem assinando um contrato de sociedade?

É claro que existem muitos casamentos felizes. Muitos mesmo. Porém vou arriscar dizer que se trata da minoria, infelizmente.

Daí, você que acompanha esse texto, pode estar se perguntando onde eu quero chegar falando do casamento dos outros. Muito simples: quero falar  da  infelicidade,  da  insatisfação  pessoal  e mal  resolvida  que  faz  com  que  alguns  se  casem e transmitam esse fardo a um outro alguém, inocente na história.

Não estou apregoando aqui a falência do casamento ou a descrença na vida conjugal. Estou fazendo o raciocínio lógico de que infelicidade não se divide, ou não se deve dividir. Se o indivíduo tem uma insatisfação plena consigo mesmo, não é aconselhável que ele se una a alguém porque é quase certo que ele fará o seu parceiro ou parceira infeliz igualmente.

O raciocínio é matemático também: um infeliz é menos que dois infelizes. No caso dessa proporção, a lógica é inversa ¾ quanto menos, melhor. Porque no casamento esse número pode ficar até bem maior, um casal há de se propor a ter filhos, criar uma família, e só Deus sabe quantos vão experimentar o peso de uma infelicidade  alheia  mal  resolvida.  Por isso usei o casamento como  parâmetro,  porque  é  justamente  com  ele que  uma  doença  da  alma  pode  se  alastrar  e  fazer  tantos  sofrerem.

As amizades, da mesma forma, estão sujeitas a esse mal. Quantos não dizem que depois que conheceram e passaram a conviver com fulano, a vida não “desandou”, ou que ficaram de uma hora para outra infelizes, irritadas ou insatisfeitas sem causa aparente?

A coisa mais preciosa que temos para dividir enquanto estivermos nesse mundo é a tal felicidade. Essa que se deve buscar de forma incansável, perseverante! Felicidade contagia os que estão ao redor. Preenche a alma. É como luz que transpassa e vai alcançar o outro.
Mas o que é a felicidade?

É uma pergunta difícil de responder. Mas digo que felicidade é a satisfação de estar bem consigo e com o mundo. É não se incomodar se a grama do vizinho é mais verde que a sua. É agradecer a Deus cada segundo de mais um dia de vida. É se sentir participante e responsável zeloso por uma história que em que não há apenas um personagem, mas vários! É dever de cuidado, com as outras pessoas, com a natureza, com os animais. É saber respeitar a si mesmo e ao próximo, e se perdoar pelas falhas cometidas e aprender com elas.
Felicidade tem que ser uma filosofia de vida. Eliminar de nós aquilo que nos faz mal. Saber identificar o que é preciso mudar, ou melhorar. Nesse mundo temos sempre alguém esperando por nós ali adiante, e é bom que cuidemos do nosso espírito. Melhoremos as nossas atitudes.
Está certo que muitos dizem que ninguém é feliz de tudo, mas seria ótimo que ninguém também fosse infeliz de tudo. O “infeliz de tudo” é aquele que permite que apenas o seu lado ruim prevaleça e acaba  repartindo-o com os outros.

Não se deve compartilhar infelicidade, fato!


Nenhum comentário:

Postar um comentário